segunda-feira, 15 de março de 2010

O que nos impede de ser adoradores

O simples fato de pessoas se dizendo crentes realizarem um culto não é nenhuma garantia de que haja ali verdadeira adoração, nem de que Deus aceite seus louvores e atenda suas orações. Se a adoração a Deus é mera formalidade, ou simplesmente um período costumeiro aos nossos cultos, acaba sendo algo externo e religioso, e essa tal adoração jamais será aceita por nosso Deus. Jesus repreendeu severamente os fariseus por sua hipocrisia. Eles eram os espirituais da época, observando a lei de Deus por pura religião; mas seus corações estavam longe do Senhor: “Hipócritas! Bem profetizou o profeta Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” (Mateus 15.7-9)
Marcos Witt disse certa vez, durante um seminário para ministros de louvor e adoração na Argentina, que a maioria dos crentes usa o “piloto automático” na hora de adorar. Essa palavra mexeu muito comigo e realmente entendi o que ele queria expressar. É algo como fazer as coisas de uma forma rotineira ou automática, assim como andar, comer, dirigir o carro. Vemos a letra de uma música no telão da igreja e conseguimos cantar sem perder um compasso sequer, enquanto pensamos naquele problema com o chefe no nosso trabalho; conseguimos bater palmas sem perder o ritmo, enquanto pensamos no jogo que nosso time perdeu novamente e em como faríamos mudanças nesse time. Depois, passamos automaticamente para a música seguinte e cantamos até com aparente fervor, enquanto julgamos a roupa da irmã que está do outro lado do templo. Isso se encaixa perfeitamente na passagem acima citada.
A desobediência é outro empecilho para adorar a Deus. O Senhor recusou os sacrifícios do rei Saul porque este desobedeceu ao seu mandamento. Em I Samuel 15.1-23, Deus havia mandado Saul destruir totalmente os amalequitas, até exterminá-los. Mas o rei, junto com o povo, poupou a vida do rei Agague e guardou para si o melhor do gado e das ovelhas, e os animais gordos e os cordeiros. No verso 11 Deus declarou que se arrependera de ter constituído Saul como rei e mandou o profeta Samuel exortá-lo, mas Saul começou a se justificar dizendo: “Pelo contrário, dei ouvidos à voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou; trouxe a Agague, rei de Amaleque; e os amalequitas, os destruí totalmente; mas o povo tomou do despojo ovelhas e bois do melhor do designado à destruição para oferecer ao Senhor, teu Deus, em Gilgal.” (versículos 20,21) Em outras palavras, Saul estava justificando seu pecado de desobediência e rebelião usando o próprio nome do Senhor. Quantas vezes nós temos feito isso! Às vezes fazemos coisas em nome de Jesus que Ele nunca mandou fazer. Samuel respondeu para ele, no verso 22, que o Senhor não tinha tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça a Sua palavra. E que obedecer é melhor do que sacrificar. No verso 23 Samuel declara que a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação como a idolatria. Mais uma vez, vemos o homem preferindo agradar a si mesmo e aos outros do que agradar a Deus. Todos esses bois e ovelhas que supostamente eram para o Senhor, não significaram nada para Ele.
Certa vez houve um evangelismo em uma favela de Belo Horizonte durante uma semana. Eu estava com minha equipe; havia também uma equipe de teatro e muitos crentes saindo de casa em casa e convidando o povo para os cultos. Em todos os cultos o templo estava super lotado de gente de todas as idades, e na última noite havia gente até nas janelas. Não cabia nem um alfinete a mais. A maioria das pessoas não era crente e apresentavam problemas espirituais. Houve muitos endemoninhados sendo libertos e pessoas sendo curadas. Mas, na hora da adoração, houve um episódio muito estranho: uma mulher possuída pelo demônio começou a acusar um dos músicos que me acompanhavam naquela noite, e na hora que eu repreendi o espírito maligno, ele disse: “Tudo bem, eu saio. Mas vou entrar nele (apontando para o musico), pois ele esta vivendo em pecado!” Na mesma hora o músico desmaiou e caiu para trás. Mais tarde, eu fui orar por ele e ele se levantou, confessando um monte de pecados. Ele estava tentando adorar a Deus com um coração sujo e desobediente, e simplesmente achou que poderia tocar e ministrar sem problemas. Ele estava vivendo assim já havia algum tempo; mas chegara a hora em que Deus o confrontou. Ele possuía um dom e um talento especiais, mas Deus prefere a obediência.
Nossa adoração não significa nada para Deus se ela não flui de um coração obediente. A obediência é a melhor adoração. O próprio sacrifício de Jesus é um ato de obediência: “Foi obediente até a morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2.8)
Jorge Russo (Jorjão)
Ministério Trio

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