domingo, 21 de fevereiro de 2010

Memória Curta

E aí a gente vai largando
as chaves, o celular,
o papelzinho com o telefone
do marceneiro...
E nunca sabe onde deixou.
Onde foi mesmo que
eu larguei a caneta?
Hum, eu conheço aquele cara
não sei de onde...
Como é mesmo o nome dele?
Você é assim também?
Memória fraca, né?
Será que é a idade
que vai chegando...
Ou será sabedoria?
Eu gosto de deletar
certas coisas da mente.
Se a gente descarta
alguns pensamentos,
é porque eles
não são importantes mesmo.
Outro dia eu esbarrei
numa pessoa no shopping.
Olhei, olhei,
e senti que aquele rosto
era familiar.
Cumprimentei
educadamente,
mas não parei
para conversar.
Acredito que o meu sorriso
foi o suficiente
pra disfarçar
o esquecimento.
Horas depois,
em casa, bingo!!!
Lembrei de onde
eu conhecia aquela cara.
Foi alguém do passado
que me magoou.
A gente brigou
e nunca mais se viu.
Senti um alívio danado
por não ter lembrado
da mágoa
naquela hora.
E descobri que
memória curta
não é coisa da idade, não...
É sabedoria mesmo.
Esquecer um ressentimento
é coisa de gente grande.
Gente de bem com a vida.
Gente que não se ocupa
de remoer mágoas.
Essa coisa de lembrar
só o que é importante e feliz
é a tal memória seletiva.
Coisa que todo mundo
deveria fazer.
O mesmo com os olhos
e ouvidos...
Ouça e veja
só o que faz bem pra alma.
Sabedoria pra mim é isso:
Ficar esquecido
de episódios tristes.
Surdo
de ruídos nocivos.
Cego
de visões distorcidas...
Enquanto
a memória falha,
eu vou ficando melhor
como pessoa...
E lembrando
só do que vale a pena.
Do que é necessário.
Só o essencial.
Confesso que esqueci
onde larguei
a chave do carro...
Mas eu lembrei
de uma coisa ótima:
Não tenho a menor idéia
do que me aborreceu ontem...
Porque hoje
eu estou muito feliz!

Lena Gino

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